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Foto do escritorMaria Isabel Ramos

A arte através da física

Imagine uma paisagem, um lugar que você gostaria de estar nesse momento, qualquer um, como você se sente nesse lugar? Feliz? Calmo? Triste, vou supor que não tenha escolhido um lugar que o faça infeliz, mas e quanto a uma triste alegria, de algo que se foi e não volta mais?


Tudo isso pode ser descrito através da arte, ela nos conta uma história sentida, e que muda de pessoa para pessoa, ela vê beleza em tudo o que existe.



Noite estrelada de Vicent van Gogh


Van Gogh, assim como diversos artistas, pintou o que sentia, fez da sua vida, em quase todos os aspectos, arte, com paisagens, natureza-morta, retratos e autorretratos.


Mas, vocês devem estar se perguntando, o que tudo isso tem a ver com um blog de física?


Muito na verdade, visto que, como a arte engloba todos os aspectos da vida, muito usa-se da física para a criação desse ofício, em via disso, trouxemos quatro artistas que fizeram uso da óptica em suas obras.


Olafur Eliasson


O artista dinamarquês-islandês Olafur Eliasson disse que começou a se interessar pela luz durante sua infância na Islândia quando houve a crise de petróleo que, devido ao racionamento, fez com que a eletricidade fosse cortada toda noite, às sete horas. Segundo ele:

“No primeiro segundo, mais ou menos, tudo ficou escuro como breu. Então as janelas se iluminaram, porque assim que seus olhos se acostumaram com a luz – a escuridão, quero dizer – a luz parecia aparecer nas janelas. Quando meus avós, meus irmãos e eu nos mudamos para nos sentarmos à luz azul do entardecer, lembro-me do que senti — foi gratidão.”

A partir disso, Eliasson tornou-se um artista que cria obras imersivas de luz em larga escala além de trabalhos voltados para fenômenos naturais e questões sociais. Abaixo temos uma de suas obras "Seu corpo sua obra" inspirada na arte do artista brasileiro Hélio Oiticica (1937–1980), em que essas folhas de plástico colorido mudam de cor dependendo de onde o espectador esteja, fazendo bom uso do fenômeno óptico da dispersão da luz.


Seu Corpo da Obra , de Olafur Eliasson, em exposição no Moderna Museet, Estocolmo, Suécia, em 2015. [Foto de AS Berg / © 2011 Olafur Eliasson]


Yasuhiro Chida

A arte de Yasuhiro Chida mexe com os sentidos do espectador, mostrando um mundo maravilhoso a sua volta. Quando perguntado sobre o seu processo de criação, respondeu:

“É quase por coincidência, semelhante ao momento de uma descoberta científica, que descubro algo que não esperava e então a arte começa a tomar forma.”

Uma de suas importantes obras, mostrada abaixo, é "Broken", que envolve-se com a nossa percepção sensorial ao brincar com luz e sombra, fazendo uso do primeiro princípio da óptica geométrica que diz que a luz se propaga em linha reta quando as características do meio em que está não variam.


Broken de Yasuhiro Chida.


Bruce Munro


O artista britânico Bruce Munro faz obras imersivas feitas com muita luz e cor que geram uma resposta emocional do espectador. Quando perguntado de onde tira suas ideias e obras, respondeu que eram de momentos fugazes de clareza:

“As coisas que crio durante este momento, esta curta vida, em breve serão recicladas e podem ser esquecidas, mas espero que sejam relevantes para o agora e proporcionem aos espectadores uma sensação de conexão e positividade.”

A sinestesia das cores é um fenômeno em que o portador vê cores ao ouvir sons, onde cada nota musical lhe é apresentada como uma cor específica, como se seus sentidos se unissem formando um só. Uma das obras de Munro, "Light Towers", mostrada abaixo, foi criada com base na sinestesia, em que cada uma dessas torres, feitas de fibra óptica, muda de cor de acordo com o som. Fazendo com que o espectador sinta, veja, ouça como um sinestésico.

Light Towers , Bruce Munro, Sensorio, Paso Robles, CA, EUA, 2021 [Foto de C. Hardy / © 2021 Bruce Munro / Todos os direitos reservados]


Karolina Halatek


A artista polonesa Karolina Halatek cria obras em grande escala usando a luz como principal elemento e incorporando elementos visuais, arquitetônicos e esculturais. Grande parte do seu processo criativo é muito semelhante ao método científico, começa com uma dúvida, e expande-se nessa necessidade de saber mais, aprender mais.

“A criatividade é despertada em um momento de resposta emocional. Você responde a algo, então de repente você quer saber mais e o processo criativo começa. Você decide ser um artista, ou um cientista, ou qualquer rótulo, para descobrir mais, estar mais perto de sua observação.”

Uma de suas principais obras, "Beacon", mostrada abaixo, liga o céu e a terra, em uma entrada iluminada que chama o espectador a visitar o seu interior para ver-se cercado pela luz, em um ambiente pessoal e intimista, que dá vista diretamente para as estrelas ao se olhar para cima.



Beacon , Karolina Halatek, Riad, Arábia Saudita , 2021 [Foto cortesia de K. Halatek]


Leonardo da Vinci certa vez falou:

"A arte diz o indizível; exprime o inexprimível, traduz o intraduzível. "

E você, sentiu algo vendo essas lindas obras? Ou interessou-se por saber como elas foram criadas e por que funcionam?


 

Texto traduzido e adaptado de Alessia H. Kirkland, diretora criativa do OPN.

 

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